quinta-feira, 5 de abril de 2012

Alunos de Medicina da UFRJ em Macaé fazem greve por falta de professores e estrutura Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/educacao/alunos-de-medicina-da-ufrj-em-macae-fazem-greve-por-falta-de-professores-estrutura-

Coordenador pediu exoneração. Estudantes vieram de ônibus protestar no prédio da Reitoria, no Fundão

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 Estudantes vieram de ônibus protestar no prédio da Reitoria, no Fundão Foto: Leonardo Cazes
Estudantes vieram de ônibus protestar no prédio da Reitoria, no Fundão Leonardo Cazes
RIO - Cerca de 100 estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ministrado no campus em Macaé estiveram nesta terça-feira no prédio da Reitoria, na Ilha do Fundão, para protestar contra as condições de ensino, consideradas péssimas. Em uma carta manifesto, eles denunciam que não há oferta de disciplinas eletivas e outras, obrigatórias, não são lecionadas por falta de professores. Os alunos alegam também que não há, na cidade, hospitais adequados para atividades práticas. Atualmente, a proporção nessas aulas é de 15 estudantes por docente, três vezes mais que o proposto pelo projeto original do curso.

A sensação, segundo os alunos, é de que o curso em Macaé está abandonado. No fim de semana, o coordenador da graduação, Paulo Eduardo Xavier de Mendonça, e a vice-coordenadora, Analúcia Abreu Maranhão, pediram exoneração dos cargos. De acordo com os estudantes, os dois alegaram falta de estrutura mínima para garantir a qualidade da formação. Após a decisão da coordenação, foi realizada uma assembleia na segunda-feira, e os estudantes decidiram entrar em greve. Nesta terça, eles foram cobrar providências da direção da universidade.
- Não há estrutura nos hospitais para nos receber, nem programas de residência médica. Para um hospital ser um hospital-escola é preciso cumprir uma série de requisitos determinados por uma portaria do Ministério da Educação (MEC), e nenhum dos existentes atendem essas exigências. Sou da primeira turma, estou no 6º período e a partir do 9º preciso ficar interna no hospital. Só que não há hospital disponível. E sem isso é impossível nos formarmos. Desde o 1º período fazemos reclamações à reitoria - reclama a estudante Carla Guedes.
Os problemas no curso de Medicina em Macaé não são novos. Em março de 2011, O GLOBO mostrou que os estudantes estavam recorrendo a ações judiciais para assistir às aulas no campus do Fundão, porque não havia cadáveres no laboratório de anatomia e faltavam professores médicos. Em junho, a UFRJ assinou com o Ministério Público Federal (MPF), em Macaé, um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que previa a adoção de várias providências, como a contratação de 31 professores e aquisição de diversos equipamentos e materiais. O MPF informou que a instituição já cumpriu alguns pontos do TAC e que ainda aguarda mais informações da UFRJ.
Mesmo assim, o comando da universidade demonstrou surpresa com a gravidade dos relatos, numa reunião dos estudantes com o reitor da UFRJ, Carlos Levi da Conceição, o vice-reitor, Antônio Lêdo, a pró-reitora de graduação, Angela Rocha dos Santos, e o diretor da Faculdade de Medicina, Roberto Medronho. Levi se comprometeu a montar uma comissão que, a partir da próxima segunda-feira, vai se debruçar sobre os problemas do curso. Na sua avaliação, as soluções tomadas para os problemas não surtiram o efeito esperado.
- O desafio de implantar um curso em Macaé envolve especifidades de muita complexidade. Alguns problemas são antigos, mas isso não significa que foram relegados ou houve falta de empenho para resolvê-los. Existe um conjunto de dificuldades que precisam ser melhor identificadas e por isso será montada a comissão, para mergulhar no cotidiano do curso e fazer um diagnóstico - afirmou o reitor.
Entre os estudantes do curso de Medicina em Macaé, é comum ouvir queixas sobre a relação com o núcelo da Faculdade de Medicina, no Fundão. Para muitos alunos, a percepção é de que o projeto na cidade foi abandonado a própria sorte, sem acompanhamento nem recursos adequados. Durante a reunião, o diretor Roberto Medronho fez questão de ressaltar que não deve haver diferença entre alunos do Rio e de Macaé.
- Ninguém quer fazer mais promessas, estamos fazendo um processo de autocrítica aqui. Vocês são os mesmos alunos do Fundão e não pode haver diferença de tratamento - disse o professor, que chegou a reconhecer a possibilidade dos estudantes terem aulas práticas no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).
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